04/06/2012

GAITEIROS DE LISBOA | Discurso Direto

 
No dia em que os Gaiteiros de Lisboa editam o seu mais recente trabalho, "Avis Rara" (d'Eurídice, 2012), Carlos Guerreiro é o nosso convidado em "Discurso Direto". Eis o aguardado regresso em disco do grupo mais emblemático, original e provocador na reinvenção da música tradicional portuguesa.

Portugal Rebelde - Seis anos depois do álbum “Sátiro”, os Gaiteiros de Lisboa estão de regresso aos discos com “Avis Rara”. A que se ficou a dever este “silêncio”, no que toca às edições?

Carlos Guerreiro - Na realidade o disco foi gravado três anos após o "Sátiro", em 2009. O que aconteceu foi que desde então não tem sido fácil encontrar editora, e só três anos depois é que encontramos uma forma de editar, numa parceria com a D’Orfeu, de Águeda.

PR - Podemos dizer que, o título deste disco  traduz de certa forma o conteúdo deste novo trabalho?

CG -  Pode considerar-se que sim, já que é um trabalho que envolve uma certa estranheza timbrico-melódico-poético... com soluções pouco ortodoxas em relação aos cânones estabelecidos.

PR - ”Avis Rara” conta um elenco de convidados de luxo: Adiafa, Zeca Medeiros, Sérgio Godinho, Armando Carvalhêda e Ana Bacalhau. Quer falar-nos um pouco destas participações?

CG -  Os convidados normalmente são pessoas que acima de tudo são amigos, e que duma forma ou de outra nós pretendemos “homenagear” ao partilhar com eles o nosso trabalho. Ainda por cima, com todos eles já tínhamos realizados outras parcerias, à excepção do Armando Carvalhêda que merece como ninguém uma grande homenagem por tudo o que tem feito pela música e pelos músicos em Portugal. E como precisávamos da voz de um locutor...

PR - Numa frase apenas – ou talvez duas - como caracterizaria este “Avis Rara”

CG -  Acho que se pode considerar um trabalho conscientemente subversivo e irreverente.

PR - “Avejão” é o single de apresentação deste novo trabalho, um tema que conta a participação especial de Sérgio Godinho. É este o tema que melhor “retrata” o espírito do disco?
 
CG - O espírito do disco é o resultado do conjunto de todos os temas que o compõem. Talvez pelo facto de ser uma metáfora ornitológica sobre o poder, constituindo por isso uma critica social a todos aqueles que insistem em mandar em nós e nos oprimir, este tema surge com alguma oportunidade no momento sócio politico que atravessamos, e portanto seja aquele a que as pessoas estão mais receptivas, no entanto o disco é muito mais que isso no que diz respeito ao tratamento de temas tradicionais, arranjos, instrumentos, polifonias vocais, poesia, etc. É tudo isto que forma o espírito do disco.

PR - Depois do disco, os Gaiteiros preparam o “Festim” com concertos em Estarreja, Ovar, Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Águeda. O público vai poder “descobrir” na integra as canções deste “Avis Rara”?

CG -  Vamos procurar apresentar neste festival um espectáculo que engloba, não só a totalidade (ou quase) dos temas do novo CD, como também alguns temas mais antigos que já tínhamos deixado de tocar há algum tempo, e outros que têm estado presentes em todos os alinhamentos desde o início do Grupo.

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